Barriga de Ouro
Gostou do abdômen escultural da medalhista olímpica Maurren Maggi? Se seguir o nosso treino inspirado nos exercícios da atleta — sem um único abdominal! —, em oito semanas você também terá um tanquinho para chamar de seu
Por Juliana Diniz // Foto Pedro Molinos
Uma sutileza mudou o rumo da carreira de Maurren Maggi, 33 anos, medalha de ouro no salto em distância na Olimpíada de Pequim, em 2008. Por causa de 1 cm, ela subiu ao topo do pódio na China — Maurren saltou 7,04 m, 1 cm a mais do que a atleta que amargou a prata. “Já bati 7,26 m, uma das dez melhores marcas femininas de todos os tempos, e tive minha filha, que amo acima de tudo, mas nada se compara ao que vivi naquele momento”, afirma.
Na noite anterior à final, Maurren não dormiu. “Deu um frio na barriga, físico. Tenho 1,73 m e cheguei a pesar 56 kg, 5 abaixo do meu ideal”, diz. Foi a pausa forçada, no entanto, que a fez mãe de Sophia, hoje com 5 anos. Até então, a atleta não pretendia quebrar sua excelência de rendimento para construir uma família. “Deus me deu uma pausa para eu ter a minha boneca, que irá me acompanhar para o resto da vida.” A filha foi justamente sua motivação para voltar aos treinos após o fim do casamento. “Eu não havia estudado. Não tinha outro trabalho. Resolvi me dar uma segunda chance. E ela era meu maior incentivo.” batedeira no coração. Quando vi o sol nascer é que relaxei.” Cinco anos antes da sua consagração no esporte, a atleta estava na geladeira. Foi pega no doping pelo uso de uma substância proibida, que ela atribui a uma pomada cicatrizante usada após uma sessão de depilação a laser na perna. Suspensa, ficou quase três anos levando uma vida de mulher normal — se é que se pode chamar de “normal” quem vive em Mônaco — ao lado do então marido, Antonio Pizzonia, piloto de Stock Car. “Desisti da carreira. Fiquei sem fazer nenhum exercício.
Maurren voltava às pistas enquanto outras atletas de sua idade se aposentavam. Graças ao seu esforço e à genética privilegiada, que fez com que seu corpo continuasse respondendo ao treino como se ela fosse uma garotinha, recuperou a forma (seu percentual de gordura ca entre 9,5 e 11) e se superou dia após dia.
Para sustentar o posto de melhor do mundo, ela treina de segunda a sábado, faça chuva ou feriado, às vezes em dois períodos. Férias só quando não há competição em nenhum lugar do mundo. Com tanto empenho, era de esperar um corpo desenhado. Mesmo assim, qualquer um ainda se impressionaria ao ver de perto seu abdômen esculpido em músculos — que Maurren considera, como o resto do corpo, pouco feminino. “Imagina alguém me vir de costas de Ou melhor, só com o copinho, pois o licor é vetado em dias de treino.
Solteira mas não sozinha, como faz questão de enfatizar, Maurren queria mesmo beijar na boca o vocalista da banda The Killers. Está caçando um show em qualquer lugar do mundo para ir e “tascar um beijo nele”. Quem dorme abraçado com a atleta, por enquanto, é um leão de pelúcia que ela comprou na primeira vez que foi à Europa competir. “Ele tem um crucifixo na orelha, a coleira da minha cachorra e uma chupeta da Sophia pendurada no pescoço. Lembra minha família, minha casa, minha vida.” Enquanto se prepara para o início da temporada de competições, em julho, Maurren visualiza camiseta e bermuda, com as pernas fortes e o cabelo preso. Vai falar ‘Olha aquele roqueiro’. Não, não. É uma menina que está aqui.” Por isso, faz do brinco, do esmalte, do gloss e do lápis preto nos olhos material de trabalho, assim como a sapatilha de corrida.
Modesta, ela nem gosta tanto da sua barriga, pode? Diz que a falha lhe deixou um pneuzinho. Não achei nem sinal dele. Também reclama de estrias e de um furo no bumbum. Admite, no entanto, que seu corpo é uma dádiva de Deus, de seu DNA (sua família inteira é magra) e do esporte — afinal, ela gosta de comer bastante. “E todo dia tenho que adocicar a boca”, diz. No dia da entrevista, tinha encerrado o almoço com um copinho de chocolate com licor. a Olimpíada de Londres, em 2012. Até lá, não pensa em encerrar a carreira. “Minha cabeça não está a fim de parar agora.
Enquanto meu corpo permitir, vou continuar.” Maurren anunciou porém que na Olimpíada do Rio, em 2016, estará nos bastidores. “Quero o atletismo impecável para que os atletas brasileiros briguem em igualdade com os estrangeiros. A gente sempre está em desvantagem por treinar em condições ruins.”
No fim da entrevista, diz: “Fiquei pensando, durante nossa conversa, que sou uma mulher realizada. Sempre tive muita sorte na vida, mas nunca esperei depender dela. A sorte é só um detalhe pra mim, como 1 cm”.