Indique a um amigo!

21 de dezembro de 2010

Bater não educa

Um tapinha não dói? Sim.

 Bater em outro adulto é agressão. Em um animal, crueldade. Em criança, sob pretexto da “educação”, é permitido. E não se fala em covardia, no fato de que qualquer adulto que queira bater em uma criança será bem-sucedido, dada a diferença de porte físico.

A crença de que a palmada funciona como meio de educar é fomentada principalmente porque, de imediato, dá resultado. “A criança pára de fazer na hora o que está fazendo, por causa da dor. Mas não aprende o que fez de errado. Hoje está provado cientificamente que, a longo prazo, ela não funciona”, garante a doutora em Psicologia Lídia Weber, coordenadora de Núcleo de Análise do Comportamento e do Projeto Criança da UFPR. A criança que apanha aprende a ter medo. “Se apanho porque não posso abrir a geladeira, só não abro quando tiver alguém olhando. Quando não tiver ninguém por perto, a coisa mais gostosa de fazer vai ser abrir a geladeira”, exemplifica a pediatra Luci Pfeiffer.

“A palmada pode deixar marcas muito mais perversas no emocional do que no físico”, diz Luci. Auto-estima rebaixada, agressividade, depressão, ansiedade, pessimismo, dificuldade para lidar com figuras de autoridade são conseqüências mais que prováveis. “Ninguém precisa sentir dor para aprender. Pais ensinam através do que falam, do exemplo.” E, para aqueles que “já cansaram de falar”, Luci lembra que é preciso repetir muitas vezes para a criança – que tem uma curiosidade saudável por descobrir o mundo. As muito pequenas ainda não entendem a relação causa-efeito. “Não é causando outra dor que vamos ensinar. O papel dos pais é tapar a tomada”, reforça. “ A primeira mensagem que você deve passar para seu filho é que você o ama”, lembra Lídia.

Você que é pai, reflita: crianças que nunca desafiam as regras podem ser mais problemáticas que as “de personalidade forte”. “Não precisamos só de crianças obedientes, que dizem sim pra tudo. Essas podem, no futuro, dizer sim a um abuso sexual”, adverte Lídia. Em seu livro "Eduque com Carinho", lista os motivos que tornam a palmada ineficiente e apresenta alternativas de educação sem punição física:

RAZÕES PARA NÃO BATER

Usar punição física ensina a criança que bater nas pessoas funciona e resolve problemas.
Surras e palmadas destroem a auto-estima e prejudicam a capacidade da criança para aprender a lidar com problemas emocionais futuros.
Bater nas crianças ensina-as a serem agressoras: estudos mostram relação direta entre castigo corporal na infância e comportamentos agressivo e violento na adolescência e na vida adulta.
Muitos pais passaram por uma educação violenta e não sabem agir diferente. Se a agressão não funciona, podem agir cada vez com mais violência. Pense!
Castigos corporais não ensinam à criança como ela deve se comportar; ela simplesmente aprende a evitar uma surra e fugir do agressor.
Castigos físicos prejudicam o vínculo afetivo entre pais e filhos: uma criança que erra espera compreensão, apoio e bons modelos para agir corretamente.

NA HORA DA RAIVA

Às vezes, os pais também ficam com raiva e confusos, mas, antes de bater em seu filho:
Respire profundamente uma vez... e mais algumas. Lembre-se que você é o adulto!
Pressione os lábios e conte até 50... pelo menos.
Retire-se da situação. Vá até seu quarto.
Reflita por que o fato o deixou com tanta raiva. É realmente seu filho ou outra coisa? Pense: alguma vez a expressão de sua raiva diante de seu filho ajudou a melhorar a situação?
Retire seu filho da situação por um momento, até você acalmar-se. Reflita se o comportamento foi proposital, se a criança realmente conhecia as regras e as conseqüências do seu comportamento.

ALTERNATIVAS

Educar é estabelecer limites, guiar, mostrar como o mundo funciona e dar exemplo.
Proteja seu filho: crianças muito pequenas têm o saudável comportamento de explorar o ambiente. Não esqueça de esconder remédios e produtos de limpeza, proteger janelas, tomadas e, em vez de ficar gritando, colocar seus cristais fora do alcance.
Mostre respeito pelo seu filho e converse sobre seus sentimentos; pais não têm o direito de xingar ou ameaçar os filhos.
Esteja presente: mesmo que você passe o dia trabalhando, seu filho deve ter a confiança de contar com você.
Seja consistente. Faça regras lógicas e ajude seus filhos a entendê-las: escovar os dentes após as refeições, antes de brincar; arrumar o quarto, dizer bom dia e por favor; estabelecer horários para TV, refeições e lições, para sair e para voltar para casa. Lembre-se que não precisa ser um quartel: existe possibilidade de flexibilidade também, em momentos especiais. Estabeleça conseqüências lógicas: se a criança pintou a parede, deverá ajudar a limpá-la.
Supervisione seu filho: o que ele está estudando, com quem brinca, quem são seus amigos, veja suas notas, estimule-o.
Valorize seu filho: elogie-o todas as vezes que ele fizer algo bom, como brincar com o irmão, pedir desculpas, pedir sua permissão para algo, ou for carinhoso.
Ensine seu filho a não-violência: se ele for provocado por algum colega, ensine-o a chamar um adulto e não a bater em quem o provocou.
Converse com seu filho sempre e dedique momentos somente para ele.
Lembre-se: não dê surras nem espanque, pois esse não é o caminho adequado. Você também não gostaria de uma sociedade com menos violência?
Crianças fazem o que os pais fazem e não o que os pais dizem. Você deve ser um modelo para seu filho. Se deseja que ele obedeça certas regras, resolva seus problemas e controle certos sentimentos. Você deve ser o maior exemplo para isso.
Abrace, beije, faça carinho, repita que você o ama. Nunca é demais!

Assine nosso RSS FEEDTWITTER (@bysaude) ou FACEBOOK. Comente o que tu achaste do post. 

Addthis

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...