Barulho em excesso pode causar estresse e perda auditiva
Normalmente o portador de problemas na audição relata uma história prolongada de exposição a níveis de ruído elevados

Porém, para quem trabalha exposto a ruídos incessantes — como em fábricas ou indústrias —, ou mora próximo a aeroportos, por exemplo, fugir da barulheira é missão impossível. Um estudo feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostrou que trinta mil paulistanos sofrem diariamente com níveis elevados do aeroporto de Congonhas. Se levarmos a realidade para Porto Alegre, veremos que a situação não é muito diferente.
A fonoaudióloga Isabela Gomes alerta que não só perto de aeroportos, mas em muitos locais nos grandes centros urbanos, medições de ruído mostram alarmantes 90 decibéis — capazes de ensurdecer. O nível máximo de conforto é de 55 decibéis no período diurno e de 50 decibéis no período noturno.
Segundo especialistas, normalmente o portador de problemas na audição relata uma história prolongada de exposição a níveis de ruído elevados, maiores de 85 decibéis (dB). Essas pessoas estão sujeitais a desenvolverem perda auditiva, inicialmente nas frequências agudas. É comum que elas reclamem de dificuldades no entendimento da fala e mais tarde, com a evolução da doença, um comprometimento no meio social e até depressão.
Nem todo mundo responde da mesma forma aos ruídos. O grave é que estão aumentando vertiginosamente os casos de surdez, entre outros distúrbios, devido ao estresse causado por locais barulhentos. E muitas vezes, é dentro de casa que mora o perigo: rádios, TVs e outros aparelhos ligados simultaneamente já provocam uma reação no organismo. Dores de cabeça frequentes, problemas estomacais, aumento da pressão arterial e insônia podem estar relacionadas com a poluição sonora.
Conforme dados da Sociedade Brasileira de Otologia, 20% da população já sofre com problemas de zumbido — o que no Brasil, equivale a 30 milhões de habitantes. E 5% desses problemas são causados pelo mau uso de aparelhos sonoros, como os mp3 players.
— O uso de iPods e similares representa um risco muito alto para a saúde auditiva, pois os fones estão inseridos no canal auditivo e levam o som diretamente à membrana timpânica, sem nenhum meio de proteção às delicadas estruturas que compõem o ouvido interno — explica Silvio Caldas, presidente da sociedade.
No caso de perda auditiva, o ideal é consultar um especialista, fazer um exame chamado audiometria para detectar se já existe algum dano à audição e obter as orientações necessárias para prevenir ou impedir o agravamento do problema. E para quem quer se proteger do barulho, a saída são os protetores auriculares.
Vale lembrar que a perda auditiva é cumulativa, e a prevenção deve ocorrer o quanto antes: ou teremos uma geração de surdos cada vez mais cedo.
Escala de decibéis
Silêncio total: 0 dB
Sussurro: 15 dB
Conversa normal: 60 dB
Voz humana (alta): 75 dB
Máquina de cortar grama: 90 dB
Ruído do metrô: 90 dB
Buzina de automóvel: 110 dB
Trovão forte: 120 dB
Show de rock: 120 dB
Tiro ou rojão: 140 dB
Fonte: Caderno Vida ZH